Há pessoas que, como nós, se pudessem, iriam a todos os lugares do mundo. Contudo, por limitações de tempo, de dinheiro e dos afazeres da vida normal – trabalho, estudos, família, problemas – devemos escolher atentamente os destinos onde gastaremos nossas queridas férias e dinheiro.
Uma coisa básica, mas infelizmente nem tão óbvia para muita gente, é conhecer seus próprios gostos. Antes de qualquer coisa, reflita a resposta das seguintes questões: Você curte praia ou montanha? Gosta de aventuras ou de relaxar em bons hotéis? Gosta do friozinho, friozão, usar roupas elegantes de inverno ou o calorão e o shortinho? Gosta de viagens culturais, visitar museus, concertos, óperas, galerias ou prefere mesmo é andar pelas ruas das cidades, passear nas lojas e curtir a badalação da noite? Assuma seus gostos, você não deve nada a ninguém! Afinal, você não precisa gastar dinheiro e horas andando pelo Louvre se odeia história da arte, apenas para dizer para os outros que viu a Monalisa.

Monalisa em um restaurante descolado em Cartagena das Índias. Colômbia.
Após responder a essas questões, faça uma lista de dez lugares que gostaria de conhecer. Não se preocupe, por enquanto, com o preço, se é longe ou difícil de chegar, indague-se apenas quais são os lugares dos seus sonhos. Muitas vezes, deixamos de sonhar com algo ou algum lugar porque pensamos que não conseguiremos alcançar o objetivo. NÃO. Não faça isso. Com organização e força de vontade, é possível ir a qualquer lugar, basta querer de verdade.
Todavia, às vezes, bate aquela sensação: Poxa, há tantos lugares no mundo, ótimos destinos de viagem e eu nem imagino ainda… por exemplo, como saber que bem pertinho de nós, aqui na Venezuela há a maior cachoeira do mundo e nem é tão difícil de ir lá? Bem, aí entra a nossa dica: informação.

Empurrando ônibus na ida Brasília/Cuzco de busu! Fronteira do Brasil com a Bolívia.

Ko Phi Phi antes dos russos chegarem. Tailândia.
Como diz Michel Onfray, um filósofo contemporâneo francês que escreveu “A Teoria da Viagem – poética da Geografia“, o qual eu recomendo demais para os viajantes das palavras, “a viagem começa na biblioteca. Todas as seções de uma boa biblioteca conduzem ao bom lugar: o desejo de ver um animal extravagante, uma borboleta rara, uma planta quase inencontrável, um veio geológico numa pedreira, a vontade de andar sob um céu como o fez um poeta, tudo leva ao ponto do globo cujo sinal carregamos às cegas”.
Além de uma boa biblioteca, uma ótima dica é ir a uma grande livraria e deliciar-se no setor de viagens. Você nem precisa comprar os livros! Tire um tempo para você, pegue alguns livros de destinos e delicie-se com um café na livraria durante uma tarde de domingo. Se você não tiver muito tempo, recomendamos adquirir livros como aqueles 1001 lugares para ir antes de morrer (você pode compra-los em sebos, como fizemos com o nosso, apenas R$ 10,00). Com eles, dá para ter uma ideia do que existe por aí e também observar gostos e vontades que você nem sabia que possuía.
Uma opção bem mais barata é a internet. Leia todos os blogs de viagem possíveis sem preconceitos. Outra coisa legal para quem tem facebook é curtir páginas de destinos, como “places to see before you die”. Todos os dias, há fotos diferentes de lugares inusitados que, às vezes, são bem acessíveis às suas possibilidades e gostos.
Feita a seleção dos destinos prévios, começa a primeira parte da viagem em si, onde sua imaginação e seu corpo se iniciam nas experiências vindouras a partir das informações generalizadas. Para escolher o destino final, deve-se levar em conta uma série de fatores: custo, melhor época para visitar, clima, moeda, costumes, acessibilidade, segurança, saúde, vacinas, vistos, língua local, comunicabilidade. E como saber de tudo isso?

Eros e Psiquê. Museu do Louvre. Paris, França.

Estampa de camiseta nas ruas de Suzhou. China.
Primeiro, você pode comprar um guia impresso ou até um ebook pela internet. Contudo, essa não é a melhor recomendação, mesmo porque se o destino ainda não estiver decidido, você pode escolher outra opção e o livro ficará desatualizado para próximas viagens. Uma boa dica é novamente a leitura de blog de viagens. Porém, antes de recorrer aos blogs, que são mais específicos, há dois sites muito legais que nós sempre utilizamos para obter informações generalizadas dos nossos destinos dos sonhos: o tripadvisor e a wikitravel.
O tripadvisor – www.tripadvisor.com – é um super site de viagens que possui várias informações úteis sobre os mais variados destinos, atrações, restaurantes e alojamentos. É um site colaborativo que conta com a participação dos viajantes que relatam suas impressões sobre os serviços e os lugares visitados.
Todavia, em uma fase inicial, na qual o destino ainda não está escolhido, a consulta ao tripadvisor pode ajudar, mas achamos muito melhor visitar o site da wikitravel. Bem semelhante à wikipedia, a wikitravel – http://www.wikitravel.org – é também um site colaborativo, dedicado a apresentar informações básicas dos destinos, como segurança, formas de chegar ao local, clima, melhor época para visitar, moeda, experiências, cursos para fazer, melhores atrações. Recomendamos tanto para o tripadvisor como, principalmente, para a wikitravel, visitar as versões em inglês ou mesmo em espanhol, porque como se trata de um site colaborativo, os falantes dessas línguas colaboram bem mais com os futuros viajantes do que nós que falamos português.
A partir dessas informações gerais, já se é possível traçar um panorama melhor dos destinos desejados. Para escolher o finalista, levamos em consideração várias coisas como, por exemplo, a compatibilidade da época que podemos viajar com os períodos mais recomendados para visitar o lugar, com a possibilidade de viajarmos em uma época mais barata ou, ainda, se há festivais ou atrações festivas típicas do lugar interessantes de conhecer. Todas essas informações você pode obter na wikitravel ou ainda no site institucional do lugar desejado. Para encontrar esses sites, geralmente procuramos na língua oficial do idioma um site da secretaria de turismo do local e procuramos uma versão em inglês. Acredite que você pode achar verdadeiras pérolas informativas sobre atrações das quais nem imaginava existir e que podem encantar seus olhos e atiçarem ainda mais a vontade de viajar.
Outra coisa bem legal para pesquisar é procurar pelo calendário dos shows de suas bandas de música preferidas. Quem sabe elas não se apresentarão na cidade que você deseja viajar nas férias e você pode ir ao show deles? Ou, por falta de planejamento e de informação, você fica sabendo de última hora, quando já está lá e perde o espetáculo? Por isso a importância das pesquisas prévias à viagem. Nesse mesmo sentido, você pode procurar pela programação dos seus museus favoritos e verificar quais serão as exposições temporárias na época da sua viagem ou mesmo checar a disponibilidade de um curso de culinária na região da Toscana, por exemplo. Já imaginou você aprendendo a cozinhar na Itália além de provar aquelas delícias?
Viajar demanda vários tipos de investimentos: financeiros, emocionais, de tempo, custos de oportunidade. Dessa forma, a não ser que a experiência em si seja desbravar completamente o desconhecido, o planejamento é sempre recomendado, tanto para melhor tirar proveito da viagem, quanto para conseguir bons descontos. Michel Onfray, aquele que escreveu o livro a “Teoria da Viagem”, chegou a dizer que “chegar a um lugar do qual tudo se ignora condena à indigência existencial. Na viagem, descobre-se apenas aquilo de que se é portador. O vazio do viajante gera a vacuidade da viagem; sua riqueza produz a excelência dela.”
Assim, procure encher-se de sonhos, de ideias, de informações e de sentimentos em relação ao destino. É exatamente aí que a aventura começa, no mundo das ideias, na construção da relação entre o viajante e o lugar. Procure romances, poesias, fotografias, filmes, músicas, artistas, artes sobre os destinos. Para isso, os blogs de viagens e o google images ajudarão bastante! Aqui no blog, a depender de cada local, vamos também indicar livros de romance, poesia, geografia, filmes e músicas sobre nossos destinos. Procure vivenciá-los antes mesmo de arrumar as malas. Garanto-lhe que as paisagens ao vivo terão outro sabor: “uma quintessência de sinestesias fantásticas: sentir cores, degustar perfumes, tocar sons, ouvir temperaturas, ver ruídos”. Hum… mal posso esperar por nossa próxima aventura!
Escolhido o destino e o período da viagem, resta agora fazer o planejamento, tema do nosso próximo papo!